Não Crie Tretas: Entenda o Erro Fundamental de Atribuição

Home » Os Outros » Não Crie Tretas: Entenda o Erro Fundamental de Atribuição
Tempo de leitura: 4 minutos

E aí, Bugado ou Bugada!

Hoje vamos debugar um erro que não aparece em nenhum compilador, mas que roda silenciosamente em segundo plano no sistema operacional da nossa mente: o Erro Fundamental de Atribuição.

Agora você deve estar se perguntando: “Davi, isso é algum tipo de erro de runtime que não conheço?” Calma, vou te explicar.

Já adiantando: entender esse erro faz super bem pra sua saúde mental!

O que é este bug?

O Erro Fundamental de Atribuição tem uma estrutura bem simples:

Erro: O comportamento do outro é um reflexo de sua personalidade

Realidade: O comportamento do outro é mais um reflexo da situação do que de sua disposição interna.

Sabe quando você olha código que alguém escreveu e encontra um erro?

Quando isso acontece, a tendência é você achar que é por incompetência ou negligência. Pode chegar a entender o motivo de cara: “a pessoa é burra! Não sabe codar!”

Pode ser verdade? Pode! Mas, você pensar que o erro no código fala sobre a personalidade da pessoa é justamente o erro.

Quando está pensando com este viés, você não considera como as condições de trabalho influenciaram o código. Condições como pressão de prazos, ambiente de trabalho estressante ou falta de recursos.

É natural você querer colocar a culpa nos outros, achar que os erros deles são porque eles são ruins mesmo. Isso é o Erro Fundamental de Atribuição.

Evidências do Viés Fundamental de Atribuição

Um experimento muito simples foi realizado no passado para demonstrar esse erro.

Na década de 70, os psicólogos Lee Ross, Teresa Amabile e Julia Steinmetz montaram um cenário interessante: dividiram um grupo de participantes em dois: questionadores e respondentes.

Os questionadores tinham o poder de elaborar suas próprias perguntas sobre qualquer assunto de seu interesse e, claro, sabiam as respostas.

Os respondentes, por outro lado, tinham a tarefa de tentar responder essas perguntas, sem ter nenhuma informação prévia sobre os tópicos.

No final do experimento, os participantes foram solicitados a avaliar a inteligência uns dos outros. Sabe o que aconteceu?

A maioria dos respondentes avaliou os questionadores como mais inteligentes!

Mesmo sabendo que os questionadores tinham a vantagem de criar as perguntas (e saber as respostas), os respondentes superestimaram a inteligência deles.

É aí que mora o Erro Fundamental de Atribuição. Os participantes subestimaram a influência da situação (questionadores sabendo as respostas) e superestimaram a influência da personalidade (inteligência dos questionadores).

Então, quando você vir um bug no código e seu primeiro pensamento for “que dev incompetente”, respire fundo e pense no Experimento do Quiz.

Aquele bug pode ter mais a ver com o ambiente de trabalho, a pressão do tempo ou mesmo a complexidade da tarefa do que com a competência do seu colega.

Erro Fundamental de Atribuição e Estresse no Trânsito

Outro exemplo deste erro é quando você está dirigindo e, de repente, alguém te fecha. De forma muito brusca. E sai correndo, na sua frente.

A primeira coisa que você pode pensar é: “que irresponsável! Que pessoa horrível!”

Mais uma vez, atribuindo o comportamento à personalidade dela.

Mas aí, vem a pergunta: e se fosse você com uma urgência? E se você estivesse indo socorrer uma pessoa muito querida, como um de seus pais ou filhos?

Mesmo que seja um motorista sereno e educado no dia a dia, será que não faria a mesma coisa?

Talvez aquela pessoa que te fechou estivesse num momento muito difícil. E o que ela fez é melhor explicado pela situação, não por quem ela é.

Melhorando sua saúde mental entendendo o viés

Pare por um tempo. Tente entender: quantas vezes você julgou o que o outro fez com base no que você acha que a pessoa é?

Quando você faz muito isso, principalmente em situações ruins, pode se sentir mal. Todo mundo pode parecer meio mau. Em situações extremas, você pode se sentir cercado de gente de mau caráter.

E isso pode ser desolador, se levado a sério.

Evitando o Erro Fundamental de Atribuição

Os passos abaixo podem te ajudar a lidar com esse viés:

  1. Pratique a empatia: tente se colocar no lugar do outro e considerar as possíveis situações que levaram a pessoa a agir da forma que agiu. Aquela pessoa que te fechou no trânsito pode estar com uma emergência ou passando por um dia muito ruim. O colega que deixou um bug no código pode estar sob pressão intensa ou lidando com questões pessoais difíceis.
  2. Esteja consciente do viés: só de conhecer o Erro Fundamental de Atribuição, você já está no caminho certo. Quando perceber que está julgando alguém rapidamente, dê um passo atrás e pense: “Estou caindo no Erro Fundamental de Atribuição?”. Essa simples pergunta pode te ajudar a repensar sua perspectiva.
  3. Desenvolva a comunicação: se você está em dúvida sobre as intenções ou habilidades de alguém, converse. Pergunte. Muitas vezes, uma simples conversa pode esclarecer mal-entendidos e ajudar a entender melhor as situações.
  4. Pratique Mindfulness: a prática de mindfulness pode, comprovadamente, te ajudar a ser menos vítima de vieses cognitivos. Isto ocorre porque ela fortalece a nossa visão das coisas como elas são. Quando você conhece como sua mente é falha e desenvolve uma visão aberta e ampla com o Mindfulness, tem muito mais capacidade de se perceber, pensar e agir corretamente. Você pode começar hoje mesmo com nosso guia definitivo.

Vale lembrar

A ideia aqui não é justificar coisas erradas ou prejudiciais. É entender que as pessoas são muito mais do que uma única ação ou erro.

Afinal, todo mundo erra, né? E se fosse você, gostaria de ser julgado por um único erro ou pelo conjunto de suas ações?

Por fim, quero te lembrar que entender nossos vieses cognitivos e erros de pensamento não é apenas para nos tornar melhores profissionais.

Também para nos tornar pessoas mais compreensivas e empáticas. E isso, Bugado ou Bugada, é um dos passos mais importantes para a nossa saúde mental.

Portanto, continue aprendendo, continue debugando e nunca pare de crescer. Vamos juntos nessa jornada de conhecimento e autodesenvolvimento.

Até a próxima! Estamos juntos!

O que achou?

Se você curtiu o conteúdo, tenho um pedido especial. Se você puder e quiser, dá uma passada no apoia.se e deixa uma contribuição. Clique na imagem ou link abaixo para contribuir:

Apoie o Mente Bugada no Apoia.se

Mesmo que não possa, você pode me ajudar muito ao compartilhar com seus amigos e companheiros de jogatina nas redes sociais:

Espero que este artigo tenha sido útil e divertido. Até a próxima!

Para Aprofundar


Publicado

em

por

Tags:

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *