Gaslighting: Você NÃO é Sensível Demais. Entenda o que é.

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Tempo de leitura: 6 minutos

E aí, Bugada ou Bugada! O tema de hoje é um tanto sério. Vamos falar de uma forma de abuso psicológico que, infelizmente, é bem comum: o Gaslighting.

Se você é novo por aqui, não repare no humor. Levamos muito a sério as coisas por aqui e Gaslighting não é nenhuma brincadeira.

É apenas a forma como preferimos lidar com as situações. Mas, não é, nem de longe, motivo para reduzir a importância ou gravidade do tema, ok?

Vamos então entender o que é esse fenômeno e como ele impacta a vida de quem convive com ele. Bora lá!

O que é Gaslighting?

Mulher lutando contra correntes do Gaslighting

Você já teve um relacionamento com alguém que vivia te acusando de ser “sensível demais”?

Já esteve ao lado de alguém desinteressado ou hostil – mas que, mesmo assim, sempre dava um jeito de fazer parecer que a culpa de tudo era sua?

Ou já ouviu repetidamente que “é tudo coisa da sua cabeça” quando notava algo errado – mesmo que houvesse provas – até o ponto de você realmente começar a acreditar que não estava pensando direito?

Bem, então você pode ter sido vítima desta técnica de manipulação. Sinto muito por isso.

O nome gaslighting surgiu baseado numa peça e filmes das décadas de 1930 e 1940: Gaslight.

Nesta obra, o marido, interessado em roubar as jóias de sua esposa, passa a pregar peças nela, como manipular a iluminação da casa onde moravam (a gás), de modo que ficasse oscilando entre mais forte e mais fraca.

Quando a mulher notava essa oscilação e comentava com o marido, este dizia que era tudo imaginação dela, numa tentativa de fazê-la acreditar que estava enlouquecendo. 🤔

Gaslighting na Vida Real

Pois é. É complexo.

O gaslighting ocorre quando uma pessoa deseja ter o controle sobre outra num relacionamento.

Para ter esse controle, o abusador manipula a vítima, questionando-a e confrontando-a até que ela passe a duvidar de si própria, perdendo a capacidade de confiar em seu próprio juízo.

Daí, ela se torna vulnerável a abusos cada vez maiores e cria dependência por esse relacionamento.

Estranho? Bizarro. Pois é. Mas é isso aí mesmo.

Há algumas formas bem comuns de se fazer gaslighting. Entre as técnicas utilizadas, estão:

  • Questionar o juízo (“Você está louco(a)! / Isso é coisa da sua cabeça!”)
  • Confrontar a memória (“Não foi bem assim que aconteceu… / Você está distorcendo tudo!”)
  • Banalizar acontecimentos (“Você é sensível demais! / Você vai se irritar por causa dessa bobagem?)
  • Rotular negativamente as defesas (“Isso é histeria! Você é muito chorão/chorona!”)
  • Questionar a rede de apoio (“Isso é outra ideia maluca daquele seu amigo? / Aposto que foi fulano que disse isso!)
  • Colocar-se como vítima de forma a evitar confronto (“De novo você com essa história? Não quero saber! / Não aguento mais ouvir falar disso!)
  • Usar aspectos não relacionados ao fato (“Você está de TPM! Por isso acha isso! / Você está cansada. Está confusa!)

É importante destacar que o gaslighting frequentemente ocorre de forma gradual.

No início pode ser pontual, difícil de detectar e soar inofensivo. Porém, conforme a vítima vai “caindo na história”, os ataques tendem a ser cada vez mais frequentes. Até, possivelmente, se tornarem um padrão dentro do relacionamento.

Além de desestabilizar a vítima, o abusador busca afastá-la de amigos e pessoas que a apoiariam, de forma a torná-la ainda mais frágil. Para isso, pode usar outras técnicas de manipulação para evitar o contato da vítima com seu meio social, como simular ciúmes, fazer chantagens emocionais ou mantê-la permanentemente ocupada.

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Outras Formas de Gaslighting

Pode parecer que gaslighting só acontece em casais. Infelizmente, não é bem assim.

Ele também pode acontecer em ambientes de trabalho, mais uma vez principalmente com mulheres.

Neste ambiente, a vítima é constantemente interrompida, tem seus argumentos esvaziados, é impedida de se manifestar e rotulada como “chata”, “exagerada”, “intrometida” ou “fresca”.

A família também não está imune. Entre pais e filhos, ou mesmo entre irmãos, esta tática pode ser usada para obter controle ou mascarar abusos físicos e sexuais.

Nestes casos, talvez seja difícil remover fisicamente a vítima, principalmente se criança ou adolescente, mas é essencial restituir a confiança dela em si própria no seu julgamento.

Até mesmo entre “amigos” o gaslighting pode ocorrer, sendo que novamente as mulheres são mais afetadas.

Frequentemente, em meio a uma discussão, uma das partes pode recorrer a argumentos que depreciam a capacidade de julgamento da outra. Quando isso ocorre de forma frequente, o gaslighting está caracterizado.

A característica comum do gaslighting é fazer com que a vítima pare de confiar em si própria e seu próprio julgamento.

É comum usar as frases típicas do ataque em discussões, não indicando necessariamente que a pessoa tem mau caráter. Também, em alguns casos, podemos fazer juízo errado, realmente interpretando mal alguma situação.

No entanto, quando há provocações frequentes de uma pessoa, que chegam a afetar o juízo próprio da vítima, podemos dizer que está ocorrendo gaslighting.

Consequências do Gaslighting

A principal consequência do gaslighting é a fragilização da vítima. Como o processo se dá de forma gradual, esta vítima pode ceder aos poucos, gradualmente perdendo a confiança em sua sanidade mental.

Como consequência, ela se torna extremamente vulnerável a abusos verbais, psicológicos e até mesmo físicos (como quando há agressão, mas o agressor convence a vítima de que “não foi nada demais” ou que “não foi agressão, foi só um empurrão”).

Este abuso também pode provocar isolamento social, já que um dos objetivos do abusador é afastar a vítima de seus amigos, família e pessoas de confiança.

Uma vez que a pessoa esteja envolvida demais nessa relação, pode perceber que se afastou significativamente daqueles que poderiam lhe dar apoio. Esta percepção pode, por si só, enfraquecer ainda mais a vítima.

Não menos graves são outros transtornos psicológicos e sintomas que podem acompanhar a vítima no decorrer do processo. Entre eles, destacam-se ansiedade, depressão, confusão e isolamento. Estes podem precisar de auxílio profissional para serem revertidos.

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Identificando e Lutando Contra

Se você se identifica com essa descrição (ou conhece alguém que está vivendo), pode estar diante de um caso de gaslighting. De acordo com o Psicanalista Robin Stern, os sinais de que você está sendo vítima desta técnica incluem:

  • Você duvida de si constantemente.
  • Você se pergunta “Eu sou sensível demais?” várias vezes ao dia.
  • Você constantemente se sente confuso(a) ou até mesmo maluco(a).
  • Você está sempre pedindo desculpas ao seu parceiro.
  • Você não entende por que, com tantas coisas aparentemente boas na sua vida, você não está mais feliz.
  • Você frequentemente cria desculpas para justificar o comportamento do seu parceiro para seus amigos e sua família (ou até para si).
  • Você começa a esconder informações dos seus amigos e da sua família para que não tenha que explicá-las ou inventar desculpas.
  • Você sabe que algo está muito errado, mas nunca consegue expressar exatamente o que, nem para si mesmo(a).
  • Você começa a mentir para evitar as distorções da realidade e ser posto(a) para baixo.
  • Você tem dificuldade para tomar decisões fáceis.
  • Você sente que costumava ser uma pessoa muito diferente – mais confiante, mais divertida e mais relaxada.
  • Você se sente desesperançoso(a) e desanimado(a).
  • Você sente que não consegue fazer nada certo.
  • Você se pergunta se um(a) parceiro(a) “bom o suficiente”.

O que fazer contra?

Se você se identifica com a descrição deste artigo, é importante procurar ajuda. Caso tenha se afastado de amigos e pessoas de confiança, busque retomar contato com eles e, se possível, explicar a sua situação de forma a ter uma visão externa dos acontecimentos.

Caso sinta confusão, ansiedade ou acredite que tem depressão, um psicólogo pode ajudar a restabelecer seu juízo, recuperar a confiança em si, reduzir o mal-estar e ajudar a tomar a melhor decisão nesse cenário.

É importante lembrar que, num caso de gaslighting, o abusador provavelmente será contra a terapia. Não deixe que isto te impeça de buscar ajuda.

Caso você conheça alguém que se enquadre nesta descrição, a melhor forma de apoio é tentar se reaproximar, caso tenha se afastado. Mostre este artigo e outros na internet sobre o gaslighing, de forma a trazer consciência à pessoa de que ela está sendo vítima de manipulação.

Se necessário, incentive-a a buscar ajuda profissional, para que recupere a autonomia e o bem-estar.

Espero que isto tenha te ajudado a pensar sobre o assunto. Vale notar que o Gaslighting não é a única forma de abuso que existe. Temos outro artigo que fala de técnicas de Manipulação Psicólogica. Vale dar uma consultada.

Não deixa der dar uma olhada. Você vai gostar tanto quanto deste.

Até lá! E lembre-se: estamos juntos!

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Comentários

Uma resposta para “Gaslighting: Você NÃO é Sensível Demais. Entenda o que é.”

  1. […] temos um artigo dedicado a gaslighting, que você pode querer passar, se desconfia que está acontecendo contigo ou alguém […]

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