Vício em Games: Estou Jogando Demais? Como Descobrir

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Tempo de leitura: 16 minutos

Olá, Bugado ou Bugada! Seja mais que bem-vindo a mais um artigo que vai misturar games, psicologia e tecnologia: esta mistura que tanto amamos. O que você acha? Existe vício em games?

Hoje, vamos abordar um tema que provavelmente já passou pela sua mente enquanto você tinha que fazer algo no trabalho ou nos estudos, mas sempre ia pra mais uma partida:

Será que estou jogando demais?”.

Mas não se preocupe, estamos aqui para ajudá-lo a encontrar o equilíbrio entre a paixão pelos videogames e a produtividade necessária para brilhar no mundo real.

Se você deu uma parada no jogo e chegou até aqui, já é um ótimo início!

Neste artigo, vamos explorar entender por que gostamos tanto de videogames, entender como organizar nossa rotina para jogar de forma saudável e aprender a identificar quando podemos estar jogando demais.

Além disso, vamos discutir se é possível viciar em jogos de acordo com a ciência e como lidar com ele, caso você se identifique com essa situação.

Então, agora que deu uma pausa no jogo (se não for multiplayer: não sobrecarregue o healer do time enquanto lê isto!) e prepare-se para embarcar nessa jornada de autoconhecimento e descubra como alcançar a harmonia entre a jogatina e a vida profissional.

Bora lá?

Será que estou jogando demais?

Jogar não é um problema. Jogar demais, pode ser.

Sim, sim, eu sei que você adoraria jogar 24h por dia e tem saudades do horário de verão pra poder jogar 25h num dia só, pelo menos uma vez por ano.

Mas, sejamos sensatos. Então, a primeira pergunta é óbvia: será que você está jogando mais do que deveria? Como pode identificar isso?

Minha rotina de jogos é saudável?

O sinal mais claro de que os jogos podem estar ocupando tempo demais da sua vida é ter as responsabilidades negligenciadas.

Se às vezes a louça fica por lavar quando lança um jogo que esperou por meses, talvez isso não seja um problema.

Mas, se seu cachorro está sempre com fome porque você sempre esquece de alimentá-lo pra jogar, a coisa já muda um pouco.

O que mais você faz, além de jogar? Ter uma vida equilibrada envolve cultivar uma variedade de interesses e atividades além dos videogames.

Você costuma fazer atividades físicas, sair com amigos ou tem algum hobby criativo, como aprender um instrumento musical, fazer aulas de dança ou se envolver em projetos voluntários?

Se você chegou até este artigo, é possível que já tenha algumas preocupações sobre a quantidade de tempo que passa jogando. Pergunte-se: como isso está afetando suas relações pessoais, sua carreira e sua saúde física e mental?

Seja honesto consigo mesmo e identifique os motivos pelos quais você está preocupado com a quantidade de tempo que passa jogando.

Mas, calma. Gostar de videogames é normal e jogar pode ser um hobby muito saudável. Vamos navegar pelas ciências da mente um pouco e entender por que gostamos de videogame.

Por que gostamos de jogar videogame?

Não é segredo que jogar é uma forma de brincar, afinal, quem não gosta de se divertir?

Brincar faz parte da nossa natureza humana e até mesmo dos nossos amigos peludos – você já viu um cachorro ou gato brincando com outros animais, humanos ou até mesmo sozinhos, com brinquedos ou objetos aleatórios? É a coisa mais fofa!

Agora, é claro que você gosta de jogar (quem não gosta, né?), mas já parou pra pensar por que gosta de jogar?

Pode parecer uma pergunta meio “filosofia gamer” à primeira vista, mas é a primeira chave para desvendar se você tem ou pode vir a ter algum tipo de problemão por jogar demais.

Dá uma olhada nos cenários abaixo e tenta identificar quais deles se aplicam a você e quais sentimentos te fazem curtir aquele videogame maroto.

Jogar como ferramenta natural de desenvolvimento

Pros seres humanos, brincar é algo fundamental. É através da brincadeira, principalmente na infância, que começamos a desenvolver habilidades de exploração, motoras e cognitivas.

Quando brincamos com amigos, também aprendemos a conviver em grupo, evoluindo conexões emocionais e sociais. Então, pra que isso aconteça, somos programados (hardcoded, mesmo) para curtir brincar e jogar. Afinal, quem não gosta de um bom desafio e de se divertir com os amigos?

Os videogames, portanto, atendem a várias necessidades psicológicas e neurológicas. Ao completar missões, vencer desafios ou atingir uma pontuação alta, nosso cérebro libera uma série de neurotransmissores que proporcionam uma sensação agradável e motivadora.

Isto tudo faz parte do mecanismo do cérebro que recompensa o alcance de objetivos e superação de desafios. Ter esse mecanismo foi fundamental para a evolução da espécie humana.

Jogos como um sandbox da realidade

A “Theory of Fun for Game Design” de Raph Koster sugere que os jogos são, em essência, uma forma de aprendizado disfarçada de diversão.

Segundo Koster, o prazer que experimentamos ao jogar está relacionado à nossa capacidade de aprender e praticar habilidades, resolver problemas e se adaptar a novos desafios. Tipo: testar, aprender, zerar os jogos depois zerar a vida.

Nesse contexto, os videogames podem ser vistos como um “sandbox” da realidade, ou seja, um espaço seguro e controlado onde podemos explorar, experimentar e desenvolver habilidades sem as consequências do mundo real.

Explorar, desafiar, atirar, matar e conquistar são ações comuns nos videogames, mas que, na vida real, são impraticáveis. Se você morresse tantas vezes na vida real quanto morre nos videogames, de quantas vidas precisaria até agora?

Enquanto joga, portanto, você pode ser um soldado sem os riscos (e traumas) reais da guerra. Pode exercitar sua capacidade de gestão enquanto administra uma cidade sem risco real à sua reputação. Pode explorar o fundo do mar sem medo de se afogar.

Vale saber: pesquisas mostram que habilidades cognitivas, como organização, negociação, pensamento estratégico e tomada de decisão se traduzem para a vida real e podem melhorar o desempenho na carreira e estudos. É questionável o quanto é possível melhorar reflexos através de jogos de ação rápidos – e definitivamente ganhar todas as partidas de CS não ajuda em nada a atirar na vida real (mas pode ser muito maneiro!)

Jogos como alívio do dia a dia

Os videogames nos permitem mergulhar em mundos imaginários e viver experiências únicas, distantes da realidade do cotidiano. Eles proporcionam uma forma de escapismo e alívio do estresse, permitindo-nos “desligar” temporariamente das preocupações da vida real.

Se você teve um dia desgastante de trabalho ou estudos, pode querer recarregar as energias jogando a noite.

Muitos experimentam um estado de intenso foco enquanto jogam, similar ao estado de mindfulness. Este estado permite atenção intensa num único lugar, com pouco espaço para divagação e pensar nos problemas que estão ocorrendo.

Então, é muito comum buscar videogames como forma de relaxamento, o que é perfeitamente saudável, quando não traz prejuízos.

Jogar para se conectar aos outros

Muitos jogos eletrônicos oferecem a possibilidade de interação social, seja por meio de narrativas envolventes com personagens tão complexos que poderiam ser protagonistas de um romance russo, ou por experiências multiplayer que nos permitem conectar com amigos e outros jogadores, mesmo que estejam a quilômetros de distância.

Não é surpresa que, para alguns, o maior contato com seus amigos seja através das partidas online – afinal, quem precisa de encontros presenciais quando se tem headsets de última geração?

Jogar videogame pode nos ajudar a fazer amigos, fortalecer laços, compartilhar interesses e fortalecer amizades. Durante minha vida, já fiz muitos amigos durante partidas online, algumas amizades que já duram anos.

Quando os amigos moram longe ou a rotina não é favorável a encontros, muitas vezes jogar é uma forma de estar junto de quem se gosta e compartilhar tempo de qualidade. É seu caso?

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Jogos como uma forma de autoestima e poder

Ah, a sensação de conquistar objetivos, superar desafios e progredir nos jogos… Aquele achievement que quase ninguém tem… É como se estivéssemos subindo ao topo do Monte Everest, não é mesmo?

Essa realização nos traz um senso de “uau, sou incrível!” e melhora nossa autoestima. Essas conquistas virtuais podem nos ajudar a sentir que somos verdadeiros mestres no que fazemos e até nos tornar mais confiantes na vida real.

Afinal, depois de zerar aquele jogo super difícil, o que são alguns problemas cotidianos, não é mesmo?

Além disso, os jogos eletrônicos frequentemente oferecem sistemas de feedback claros e imediatos, como pontuações, rankings e recompensas virtuais, que nos permitem medir nosso progresso e desempenho de maneira concreta.

Estar no topo do ranking ou ser líder de uma guilda pode trazer um forte sentimento de poder, que muitas vezes pode compensar dias em que nos sentimos fracos ou impotentes frente aos desafios da vida real.

Jogar como resposta às decisões de game design

Ultimamente, o mundo dos jogos tem se transformado em uma espécie de “Netflix” do entretenimento eletrônico.

Daí surgem planos de assinatura, season passes, atualizações que mais parecem estações do ano (e às vezes até destrutivas, criando aquela sensação de “preciso jogar antes que acabe!”) e, é claro, desafios semanais, rankings que zeram mais rápido do que se pode piscar e eventos especiais.

Esta forma de fazer o jogo obviamente não surgiu à toa. Ela existem para manter o jogo sempre diferente, evitando a monotonia.

Mais do que isso: eles criam um forte senso de urgência, principalmente nos jogadores mais ávidos.

Junte isso a uma barra de progresso que ainda não está completa e pronto: temos um jogador dedicado em tempo integral.

É da natureza humana não querer perder novidades (FOMO) ou querer completar coisas que estão incompletas (Efeito Zeigarnik). O design dos jogos atuais abusa das fragilidades da mente humana de forma a ter jogadores cada vez mais leais e dedicados, mesmo que ao custo de saúde, bem-estar e prosperidade deles. É importante que você saiba disso para jogar de forma consciente.

Deu um “clique”? Compartilha com alguém que acha que precisa saber disso!

O que quer fazer no lugar de jogar?

Agora que você já mergulhou nos mistérios sobre o porquê de gostar tanto de jogar, a grande questão é: até onde vale a pena usar o videogame para suprir essas necessidades?

Afinal, estamos aqui para refletir sobre o tempo que dedicamos à jogatina, então a pergunta mais importante é praticamente um dilema filosófico: será que existe algo mais que você gostaria de estar fazendo, no lugar de passar horas no controle?

Jogos e o tempo livre

Então, vamos lá! É hora de explorar outras possibilidades além do mundo dos jogos. Quais outras coisas você gostaria de estar fazendo?

Talvez haja um hobby que você sempre quis experimentar, ou algum passatempo que mereça mais dedicação. Quem sabe você não quer se tornar o próximo Picasso ou Masterchef?

É importante pensar no conceito de tempo livre para ter um pensamento mais correto. É possível que você tenha obrigações bem definidas e que não costumam ser ameaçadas pelo tempo que passa jogando.

A não ser que esteja sem ocupação ou tenha o hábito de faltar o trabalho e/ou aulas para jogar, você não dispõe de todo o tempo que passa acordado como tempo livre. Na verdade, mesmo neste caso, ainda há o tempo para higiene e alimentação, entre outros.

Então, para estabelecer uma base, identifique quanto tempo livre você realmente possui ao pegar o tempo que passa acordado e tirar dele o tempo de trabalho, estudo e necessidades básicas.

E aí, quanto tempo sobra? E o mais importante: o que você faz e gostaria de fazer com esse tempo? São as mesmas coisa?

Sempre ouço relatos de players que reclamam que falta tempo para outras coisas que gostariam ou mesmo que precisam muito fazer. Desde fazer o TCC pra vida acadêmica até praticar exercícios ou passar mais tempo com pessoas queridas.

A verdade é dura de encarar, mas necessária: não é tão raro abrirmos mão de coisas importantes para termos mais tempo para jogar.

A dura natureza do tempo

O tempo é como aquele recurso valioso nos jogos – pense em ouro, madeira, comida ou energia. A diferença é que, no mundo real, o tempo é escasso e, ao contrário dos recursos nos jogos, não há como ganhá-lo de volta.

Vamos reforçar essa ideia porque é crucial: o tempo simplesmente se esgota. Ele nunca retorna, e as horas perdidas não reaparecerão como em um passe de mágica.

A não ser que você acredite em vida após a morte, seus segundos de vida estão contados, e cada ação que você realiza consome um pouco desse tempo precioso.

Por isso, é fundamental encontrar o equilíbrio entre o tempo gasto jogando e o tempo dedicado a outras atividades que também agregam valor à sua vida.

No fundo, podemos estar apenas “no automático”, jogando como um hábito ou para compensar sentimentos de tédio, estresse ou ansiedade. Claro que esses sentimentos são ruins, mas ao se distrair jogando sempre, você está compensando isso com o recurso mais valioso da vida. Vale pensar nisso, concorda?

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O que entra no lugar do jogo?

Por que você iria querer jogar menos, afinal? Seguem algumas possibilidades de coisas que já pensou em fazer, mas talvez não tenha feito:

  • Praticar esportes, exercícios físicos ou atividades ao ar livre – quem sabe você não descobre um novo talento?
  • Assistir a filmes, séries ou programas de TV – afinal, todos têm um seriado preferido, certo?
  • Passar tempo com amigos e familiares, tanto pessoalmente quanto online – porque a conexão humana é fundamental.
  • Cultivar algum hobby, como fotografia, culinária ou arte – deixe sua criatividade fluir!
  • Ler livros, revistas ou quadrinhos – mergulhar em outras histórias também pode ser fascinante.
  • Ouvir música ou ir a shows, festivais e concertos – porque música é vida!
  • Visitar museus, galerias de arte ou exposições culturais – enriqueça sua mente com arte e conhecimento.
  • Participar de eventos sociais, como festas, encontros ou reuniões – quem não gosta de uma boa festa?
  • Aprender e desenvolver novas habilidades, como tocar um instrumento musical, aprender um novo idioma ou se dedicar a um novo projeto – afinal, aprender nunca é demais.

Talvez você esteja pensando: “Mas eu não gosto de nada disso! Eu prefiro jogar!” É uma resposta compreensível, mas reflita com sinceridade: quantas dessas atividades você realmente já experimentou para ter uma opinião formada?

Videogames podem ser extremamente divertidos, mas há outras coisas incríveis que você pode estar perdendo por jogar mais do que deveria. Então, por que não tentar algo novo e descobrir mais sobre você mesmo e o mundo ao seu redor?

Outra possibilidade é que você esteja deixando em segundo plano atividades importantes para o trabalho ou estudos. Neste caso, pode haver uma sensação de culpa e ansiedade crescentes, conforme os prazos se reduzem e a cobrança aumenta.

Se este for o seu caso, provavelmente você concordará em algum nível que precisa ganhar controle do seu tempo de jogo.

Jogar mais ou menos é uma decisão sua e não me cabe julgar. Não estou aqui para dizer que você deveria jogar mais ou menos. Minha proposta é fazer você parar um pouco a vida corrida, pensar sobre isso e chegar às próprias conclusões. Ler estas coisas pode ser desafiador, mas superar esse desafio pode ser a chave para uma vida mais completa.

Gerindo o tempo e estabelecendo limites

Gerir o tempo e estabelecer limites pode ser a receita mágica para desfrutar dos videogames de maneira saudável e manter uma vida equilibrada (sim, isso é possível!). Existem dicas simples, mas eficazes, que podem ajudá-lo a conciliar a jogatina com outras atividades de lazer e trabalho. Preparado para desvendar esses segredos? Aqui vão algumas delas:

Técnicas de gestão do tempo

  1. Estabeleça metas e prioridades para cada dia: Ao acordar, ou antes de dormir, defina metas realistas e prioridades para cada dia. Isso inclui trabalho, estudo, exercícios, tempo com a família e amigos e, claro, jogar. Anote num caderno, agenda ou app o que pretende fazer no decorrer do dia (ou do dia seguinte, caso faça antes de dormir). Estabelecer metas claras pode ajudá-lo a administrar melhor seu tempo e garantir que você não negligencie outras áreas importantes da vida.
  2. Estabeleça limites de tempo para jogar: Defina limites de tempo para suas sessões de jogos, como uma hora por dia ou algumas horas por semana. Esses limites podem ajudá-lo a manter o controle sobre o tempo que passa jogando e garantir que você também dedique tempo a outras atividades. É o que geralmente os pais fazem com as crianças – e talvez seja o que vai funcionar no seu caso.
  3. Use alarmes ou aplicativos de gerenciamento de tempo: Configure alarmes para lembrá-lo de quando é hora de começar ou parar de jogar. Existem também aplicativos de gerenciamento de tempo disponíveis que podem ajudá-lo a monitorar e controlar o tempo que você gasta em diferentes atividades, incluindo jogar.
  4. Reserve tempo para atividades não relacionadas aos jogos: Certifique-se de reservar tempo para atividades que não envolvem jogos, como hobbies, socialização e autocuidado. Isso pode ajudá-lo a manter uma vida equilibrada e evitar que os videogames consumam todo o seu tempo livre.

Encontrar um equilíbrio saudável entre a jogatina e outras responsabilidades e atividades é fundamental para manter uma vida bem-sucedida e gratificante. Com algumas técnicas simples de gestão do tempo e definição de metas, você pode garantir que desfrute dos benefícios dos videogames sem comprometer seu bem-estar geral.

Mas isso não funciona: O mal-estar da autogestão

Talvez nada disso seja tão surpreendente quanto a reviravolta de um bom filme. Você pode até já saber de tudo isso e sentir que não consegue controlar seus hábitos de forma tão simples quanto gostaria. Não se preocupe: isso, em vários graus, é algo normal (bem-vindo ao clube!).

Talvez você enxergue a gestão do tempo como algo tão simples quanto preencher uma agenda. Mas não se deixe enganar! Ao aprofundar um pouco, percebemos que a gestão do tempo é, na verdade, uma forma sofisticada de lidar com a ansiedade e o estresse. Se não captou, fica tranquilo que já já fica mais claro.

Acontece que é muito simples escrever numa agenda que você vai dedicar 3 horas do dia seguinte a um projeto novo ou algo importante para o trabalho ou estudos. Afinal, você tem esse tempo livre. Mas aí o que ocorre? Na hora, vem a ansiedade, o estresse ou outro tipo de desânimo e mal-estar e falta a energia para começar o que se comprometeu. E daí que tal jogar 10 minutos? Daí os 10 minutos viram horas e mais uma vez o compromisso foi adiado.

Quando enfrentamos pressões e responsabilidades constantes, é comum recorrer a atividades como jogar videogame para aliviar o estresse e encontrar uma válvula de escape. Precisamos estar bem para cumprirmos nosso compromissos, principalmente quando não somos vigiados por outros. E é nessas horas que estão as coisas importantes para nós.

Você pode estar num período especialmente desafiador. Se está se sentindo assim há poucos dias porque algo mudou na sua vida, pode ser que tudo se normalize rapidamente. No entanto, saiba que não é normal que essa necessidade de jogar para compensar seja constante e que cause problemas na vida cotidiana.

Se você já tentou várias técnicas de gerenciamento de tempo e ainda se sente sobrecarregado, ansioso e incapaz de parar de jogar, é importante considerar a possibilidade de vício em videogames. Sim, isso existe. Vamos falar um pouco sobre isso.

É possível viciar em jogos? Será que estou viciado?

Mais que um capricho de gente “velha” ou “fresca”, o vício em jogos é uma condição real, reconhecido pela ciência e manuais de diagnóstico de profissionais de saúde, como psicólogos e psiquiatras. Nessas situações, a pessoa desenvolve um controle insuficiente sobre seu comportamento relacionado aos jogos, resultando em consequências negativas em outras áreas da vida, como trabalho, estudos e relacionamentos. Quase um “game over” da vida real.

Jogar em excesso como forma de lidar com o estresse e a ansiedade pode ser contraproducente. Se for o seu caso, em vez de resolver os problemas reais da sua vida, você pode estar num ciclo vicioso no qual os problemas se agravam, aumentando a ansiedade e a necessidade de jogar ainda mais.

Portanto, se você se identifica com esta situação, vale saber se é um caso de vício. Não se preocupe excessivamente se descobrir que sim. É algo totalmente possível de reverter, com consciência e apoio.

Sintomas de vício em jogos

Um dos manuais que guia as práticas de saúde mental profissionais é o DSM, Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Em sua versão 5, ele estabelece alguns critérios para definir o que ele chama de “Transtorno do Jogo pela Internet”. Será que você ou alguém que conhece se identifica?

  • Preocupação com jogos pela Internet;
  • Sintomas de abstinência quando os jogos pela Internet são retirados (irritabilidade, ansiedade ou tristeza);
  • Tolerância (necessidade de passar quantidades crescentes de tempo envolvido nos jogos);
  • Tentativas fracassadas de controlar ou reduzir a participação nos jogos;
  • Perda de interesse por passatempos e divertimentos anteriores;
  • Uso excessivo continuado de jogos pela Internet apesar do conhecimento das consequências negativas;
  • Enganou membros da família, terapeutas ou outros em relação à quantidade do jogo pela Internet;
  • Uso de jogos pela Internet para evitar ou aliviar um humor negativo;
  • Colocou em risco ou perdeu um relacionamento, emprego ou oportunidade educacional ou de carreira devido à participação em jogos pela Internet.

Se você se identifica com cinco ou mais dessas situações por mais de 12 meses, pode estar dentro do diagnóstico do vício. Nestas situações, é importante buscar ajuda profissional. Porque, você sabe, até os heróis dos games precisam de um “power-up” de vez em quando.

Como lidar com vício em videogames?

Se identificou? Não se culpe se não conseguir simplesmente virar as costas aos jogos e fazer as coisas diferentes. O mais importante, no final das contas, é buscar ajuda, se possível, profissional.

Você pode fazer uma autorreflexão, caso não se sinta pronto neste momento. Volte à explicação de por que gostamos de jogar e faça uma autoanálise sobre quais motivos são mais fortes para que os jogos influenciem tanto seu comportamento. Lembrando:

  • Jogar como ferramenta natural de desenvolvimento: quais outras formas de autodesenvolvimento você pode usar? Algum curso? Leitura? Hobbies?
  • Jogos como um sandbox da realidade: O que o faz continuar no sandbox? Há alguma dificuldade ou medo de encarar a vida real?
  • Jogos como alívio do dia a dia: O que ocorre no seu dia a dia que te causa estresse, ansiedade e mal-estar que você compensa nos jogos?
  • Jogar para se conectar aos outros: O que você pode fazer para cultivar relacionamentos offline, para além de manter os amigos online?
  • Jogos como uma forma de autoestima e poder: O que te faz sentir impotente na sua vida real e incapaz de fazer as coisas mudarem?
  • Jogar como resposta às decisões de game design: Será que você precisa mesmo aderir a tudo o que as empresas de desenvolvimento querem que você faça? Aquela barra de progresso não cumprida é tão ruim assim?

Concluindo…

Espero que este artigo tenha ajudado você a compreender melhor a relação entre a paixão pelos videogames e a busca pelo equilíbrio com a produtividade no mundo real. Ao abordar as razões pelas quais os jogos são tão atraentes e discutir como gerenciar o tempo gasto neles, meu objetivo é te ajudar a jogar sem culpa e sem prejudicar sua vida. E sem gente te dizendo que deveria jogar menos.

A ciência, a psicologia e a tecnologia têm um papel fundamental na compreensão de como lidar com o vício em jogos e em fornecer ferramentas para enfrentar esse desafio, caso você se identifique com essa situação. Lembre-se de que o autoconhecimento é essencial para reconhecer os sinais de alerta e buscar ajuda quando necessário.

Agora que você está munido de informações e estratégias para equilibrar sua paixão pelos videogames e sua vida profissional, é hora de aplicar esses conhecimentos em sua rotina. No final das contas, a chave para uma vida bem-sucedida e plena é encontrar um equilíbrio saudável entre trabalho, lazer e autocuidado.

Indo além

Portanto, coloque em prática o que aprendeu, ajuste suas prioridades e continue desbravando a jornada do autoconhecimento, sempre apoiado na ciência e na tecnologia. Se quiser conversar sobre esse assunto ou precisar de ajuda, você pode sempre pode agendar uma conversa comigo.

O que achou das imagens de AI? Lembraram algum jogo? Me deixa saber nos comentários se curtiu. Principalmente se curte as imagens de fechamento, como a simpática elfa que está ali embaixo fechando este texto.

Por fim, um pedido: escrevi este artigo com bastante carinho. Se você curtiu, me segue nas redes sociais, que sempre tem material novo (e, em breve mais vídeos!). Se quer que mais alguém o leia, como um amigo que talvez esteja jogando demais, não deixe de compartilhar, também. Boa sorte e bom jogo!


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Comentários

4 respostas para “Vício em Games: Estou Jogando Demais? Como Descobrir”

  1. Avatar de Nothing
    Nothing

    Ajudou mto com esse artigo, podia levar esse conteúdo pro youtube, ou em forma de podcast tb, ferramentas mais acessíveis, confesso q só cliquei pq realmente quero mto sair desse ciclo de “tenho q ter tal item no jogo” e queria entender de onde vem isso, pq sabia q tinha alguma explicação e seu artigo ajudou mto. Ajudou a nomear sensações e sentimentos q eu sentia e achava q eram criados por mim, como uma espécie de sentimento de escassez, de consumismo, que só quer consumir mais e mais. Espero q esse conteúdo ajude mais pessoas e chegue a mais pessoas.

  2. […] É parecido com o vício em jogos, do qual falei neste artigo. […]

  3. Avatar de Giulian Castro Flores
    Giulian Castro Flores

    Excelente artigo!

    Eu tenho 31 anos, vivi boa parte da minha infância “querendo” jogar mais, mas não tinha muito acesso na época do “Playstation 1”.

    Agora com 31 anos, casado e com uma filha de 1 ano, me enxergo em uma situação de vício. Não necessariamente vício em jogar, mas no universo dos jogos. Agora trabalhando em home office isso tem me prejudicado bastante.

    Imaginem que eu perco as vezes tempo de trabalho assistindo a lives da Twitch. Bom, além de assistir lives também jogo mas penso que o meu maior vilão é viver o mundo dos games o tempo todo.

    Também costumo ficar no celular jogando RPG’s de turno que consomem bastante tempo.

    Bom, agora com esse artigo imagino que tenham mais pessoas em uma situação semelhante, vou utilizar desse artigo como inspiração para buscar o equilibrio!

    Muito obrigado!

  4. Avatar de Tam
    Tam

    Jogos pra mim são inspiração, as cores, design de personagens, sons, os poderes me dão muito prazer em observar. Então quando eu jogo é como se eu consumisse arte, estivesse observando um quadro, ou uma foto legal, uma ilustração. Me culpei muito tempo pensando tipo “esse jogo nao é realista, imagina se voce largar a realidade pra só ficar nesse jogo, que triste, NAO JOGUE MAIS”, mas ai pensei, poxa nada ve, eu consumo livros, filmes e nem por isso virei escrava deles, e ai comecei a curtir os jogos sem culpa <3

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