Olá, bugado ou bugada! Já teve um objetivo ou meta de vida, como juntar dinheiro ou emagrecer, mas no dia a dia tudo pareceu impossível?
Certamente você já ouviu falar que tudo o que precisa é de “Força de Vontade”. E se eu te disser que isso não é bem assim? E que essa mentira pode atrapalhar seus resultados?
Se tem uma coisa que adoramos fazer por aqui é desvendar essas “verdades”.
E é isso que vamos fazer agora, mergulhando fundo em dois conceitos que mexem com a sua cabeça: metas e força de vontade. Tudo certo? Vamos nessa!
Metas – Por que elas funcionam?
Bora começar falando de metas. Quem nunca ouviu que para alcançar algo, é preciso ter metas, não é mesmo?
Inclusive já temos um artigo falando sobre metas. Se você quiser saber como criar boas metas, dá uma passada lá!
Aqui vai a verdade, metas são poderosas, sim! Mas, você já se perguntou por quê?
A resposta está no nosso cérebro e na forma como ele trabalha. Como sempre, vamos usar o Frames de Decisão para entender como a nossa mente se organiza e faz suas escolhas.
Se você não conhece o Frames de Decisão, não tem problema! É um modelo ótimo para quem trabalha com tecnologia ou manda bem em processos.
E que conhecê-lo vai te dar insights muito bons sobre como sua mente funciona. Mas, não é essencial conhecê-lo para aproveitar este artigo!
Se quiser saber mais sobre o Frames de Decisão, temos um artigo ótimo! Pode conferir depois! Por agora, vamos falar das suas decisões:
Suas Decisões no Tempo
Na hora de tomar uma decisão, parece que seu cérebro vira um campo de batalha, não é?É como se tivessem anjinhos e diabinhos argumentando em nossos ombros, tentando nos puxar para um lado ou para o outro.
E você pode dar muitos nomes pra isso. “Certo e errado”, “Virtude e Vício”, ou mesmo “Virtude e Pecado”. Parece que dois lados se opõem e um deles é mais “certo”.
Deixando moralidade e religião de lado, esses debates costumam ter só uma diferença: o momento em que a coisa fica boa. Às vezes, você tem prazer na mesma hora. Às vezes, depois de muitos anos – mas, na hora, não é necessariamente agradável.
Em vez “certo e errado”, temos, então, o benefício imediato e o ganho a longo prazo.
E se tem um algoz nesse cenário, é o danado do tempo! Sim, você leu certo: o tempo tem um papel fundamental na forma como tomamos nossas decisões.
Num dos lados, o tempo é aliado: ele permite que você curta agora! Coma o hambúrguer! Esta é uma decisão de benefício imediato.
Por outro lado, você pode se privar disso. Não comer o hambúrguer. E, com isso, favorecer sua dieta – e talvez sua saúde. Com isto, pode ter benefícios mais pra frente, ao adoecer menos.
Em compensação, não vai ter o prazer de comer o hambúrguer!
A metacognição, aquela voz interna que pondera e avalia suas decisões, geralmente se perde no tempo. Quanto mais pro futuro você pensa, mais fraca ela fica. E menos controle de si mesmo você tem.
Diluindo sua vontade no tempo
Vamos entender melhor isso. Imagine que você se propôs a fazer um regime para perder 10 kg em um ano. No começo, tudo são flores: a motivação está lá no alto e você está certo de que vai conseguir.
No entanto, ao longo do tempo, aquela motivação inicial começa a se diluir. A metacognição, aquela que estava firme e forte dizendo “vamos emagrecer!”, começa a perder sua força. Isso acontece porque é desafiador mantê-la focada num objetivo a longo prazo.
Por outro lado, quando o assunto é o benefício imediato, seu cérebro parece ser bem mais resoluto. Ele adora uma gratificação instantânea!
É por isso que é tão fácil trocar a salada pelo hambúrguer ou o dia de academia por um dia de Netflix.
Agora, imagine se você pudesse pegar esse objetivo de perder 10 kg em um ano e quebrá-lo em pequenos passos.
Em vez de ter que “segurar a barra” por um ano inteiro, você poderia pensar apenas na próxima refeição saudável. Da mesma forma, no próximo treino na academia, no próximo dia sem comer doces. E por aí vai.
De repente, em vez de pensar num gigantesco período de um ano, você está focando em dias, horas, até mesmo minutos!
Fracionando com metas
É aí que entram as metas. Elas ajudam a quebrar esses objetivos a longo prazo em tarefas menores e mais gerenciáveis.
Assim, você usa essa tendência do seu cérebro a preferir o benefício imediato a seu favor, tornando o ganho a longo prazo mais acessível e palatável.
Em vez de ter que esperar 10 anos pra ficar feliz com uma grande conquista, você aproveita uma a uma. Mais um dia saudável. Mais um dia financeiramente bem.
E, aos poucos, as recompensas de longo prazo se aproximam de benefícios imediatos!
Então, na próxima vez que se sentir sobrecarregado por um grande objetivo, lembre-se de quebrá-lo em pequenas metas. Você vai ver como fica mais fácil “segurar a barra”!
Alguns exemplos:
- Em vez de “perder 12kg no ano”, separe mês a mês. “Perder 1kg por mês” soa menos desafiador.
- Em vez de “juntar 12 mil no ano”, tente “Economizar mil reais por mês”. Daí, fica mais fácil saber como/se é possível e ir executando aos poucos.
Ainda sobre segurar a barra, vamos falar de um recurso que muitas pessoas acreditam ser o maior aliado para alcançar objetivos: a força de vontade. Mas será que ela é tudo isso mesmo? E que história é essa de “mentira”? Vamos descobrir na próxima seção.
Força de Vontade e Autocontrole
“Eu só preciso de um pouco mais de força de vontade!”
Quantas vezes você já se pegou dizendo ou pensando isso, na tentativa de vencer um desafio ou resistir a uma tentação?
Pode ser para fazer mais exercícios, comer de forma mais saudável, estudar para uma prova ou parar de procrastinar. A força de vontade é vista por muitos como o superpoder que vai garantir o sucesso em qualquer missão.
Mas o que é, afinal, a força de vontade?
Para muitos, a força de vontade é a habilidade de resistir a impulsos de curto prazo em favor de metas de longo prazo. É o que nos permite dizer “não” ao doce que está ali, ao nosso alcance. Principalmente quando estamos de dieta.
A Força da Força de Vontade
Diversas pesquisas colocaram a tal Força de Vontade como um músculo. Você usa, até que cansa e ele perde a força. E, quando isso acontece, você cede ao que quer que seja.
Por exemplo: você odeia um colega do trabalho. E passou o dia com ele, tentando não fazer grosseria. Daí, no caminho de casa, você encontra um brigadeiro numa padaria.
Sua força de vontade, exausta por segurar a vontade de falar umas verdades pro colega, não se sustenta. E você come o doce. Existe até um nome bonito para isso: esgotamento do ego.
Da mesma forma, por ser como um músculo, algumas teorias dizem que ela pode ser treinada. Daí, quanto mais você exercita a força de vontade, mais você a terá. E isso cria tipos de pessoas: as fortes, que treinaram suas vontades – e as fracas, que não o fizeram.
Parece bem direto, certo? Acontece que essa visão de força de vontade como um músculo que pode ser treinado e que se esgota com o uso foi questionada por estudos recentes.
A Verdade sobre a Força de Vontade
Agora, se a força de vontade não funciona como um músculo, como então ela funciona? Aqui é onde a neurociência, explicada através do Frames de Decisão, entra em cena para nos dar uma nova perspectiva.
Segundo o Frames de Decisão, suas decisões não são fruto de um controle consciente direto. Mas sim de uma série de predições que seu cérebro faz baseado nos conceitos que acumulamos durante a vida.
Ou seja, todas as decisões que tomamos são inconscientes, baseadas em predições e conceitos que nem sempre temos controle.
Nesse cenário, a força de vontade é uma tentativa da nossa mente consciente – a metacognição – de influenciar essas predições e conceitos.
Conseguimos, sim, ter algum controle, mas é uma força limitada. E a extensão dessa influência? Bem, isso depende bastante do que você acredita ser capaz de fazer.
Como uma Mentira Influencia Sua Força
As pesquisas mais recentes mostram que, quanto mais você acredita que tem força de vontade, mais tem! Sim! Apenas por acreditar que você consegue resistir, é mais provável que consiga.
Por outro lado, ao botar obstáculos e limites nela, você enfraquece. Um exemplo simples é acreditar na teoria de esgotamento do ego (aquela que diz que a força de vontade “cansa”.
Sim! Só de acreditar que você cansa, você acaba cansando. Bizarro, não? Mas, verdadeiro!
Agora, você pode estar se perguntando: “Se eu não posso confiar na minha força de vontade, como vou conseguir atingir meus objetivos?”
Não se preocupe, temos uma boa notícia para você. No próximo tópico, vamos falar sobre uma forma muito mais eficaz de alcançar seus objetivos, sem ter que contar com a incerta força de vontade.
Tudo certo? Então vamos lá!
Como Tomar Boas Decisões
Então, estamos reavaliando sua relação com a força de vontade. Como você pode tomar decisões que te ajudem a alcançar seus objetivos?
Tenha em mente algo importante: você pode achar que precisa de uma força de vontade inabalável para fazer as coisas certas. Mas, essa não é a maneira mais eficaz de mudar seu comportamento.
Ao contrário!
O segredo é construir bons hábitos. E criar condições que tornem mais fácil fazer a escolha certa. Até o ponto de não precisar da tal força de vontade. Vamos abordar algumas formas:
Um Empurrãozinho Adiantado
Uma forma de favorecer boas decisões é adiantar o trabalho. Se seu compromisso tem algum pré-requisito, adiante-o. Deixe-o resolvido o quanto antes.
Vou dar um exemplo: você decidiu que quer começar a ir à academia todas as manhãs. Você tem duas opções.
Uma delas é só confiar na sua força de vontade. Esperar que, quando o despertador tocar às 6 da manhã, você vai ter a determinação necessária para sair da cama e ir malhar.
Mas, se você já tentou fazer isso, sabe que muitas vezes a cama quentinha vence a batalha contra a força de vontade.
Mas e se, em vez de depender da força de vontade, você criasse condições que tornassem mais fácil tomar a decisão de ir à academia?
Por exemplo, você pode preparar sua roupa de ginástica na noite anterior e deixá-la em um lugar bem visível. Assim, quando o despertador tocar, a decisão de se levantar e se vestir para a academia já está meio tomada!
Além disso, ao ver a roupa ali, prontinha para ser usada, você é lembrado do seu compromisso consigo mesmo e isso já dá um empurrãozinho na sua motivação.
Uma Viagem no Tempo Mental
Outra estratégia poderosa é pensar no seu “eu-futuro”.
Como assim? Bom, é o seguinte: muitas vezes, você toma decisões pensando no imediatismo, no que vai nos trazer prazer ou evitar desconforto no momento.
Mas, se parar para pensar no seu “eu” lá no futuro, pode conseguir um incentivo extra para fazer escolhas mais saudáveis.
Por exemplo, em vez de pensar em como vai ser chato fazer exercício agora, você pode pensar em como seu “eu” do futuro vai se sentir mais saudável e energizado se você se exercitar regularmente.
Ou, em como não comprar o último modelo de celular do mercado – quando o seu funciona muito bem pro que precisa – vai garantir uns investimentos a mais. E, provavelmente, um futuro mais confortável e seguro.
Lembre-se do fundamental:
Não é sobre certo e errado! Nem sobre virtude e vício! É sobre estar bem agora e estar bem no futuro!
Pense em tomar as melhores decisões porque elas te beneficiam no futuro. Não porque “é o certo a se fazer”. No primeiro, você tem uma vantagem óbvia. No segundo, depende muito do que você acredita.
Busque fazer a coisa certa por você. É quem será o mais beneficiado. Mas…
Use com Moderação e Lembre-se das Metas
Lembre-se de usar sua força de vontade a seu favor, mas de maneira estratégica e pontual.
Não adianta tentar usar a força de vontade para controlar todas as suas decisões, o tempo todo.
Já falamos sobre usar sua força de vontade para criar bons hábitos e facilitar as decisões saudáveis. E como estabelecer e acompanhar esses bons hábitos? Ahá! Aí voltam as metas!
Força de Vontade, Metas e Propósito de Vida
Pense no que é importante para você. Em como quer estar daqui a alguns anos. E pense no caminho que pode seguir para chegar lá. Então, defina metas para cada ano, mês, semana. Até mesmo dia.
Uma vez que tenha metas, busque hábitos que irão te ajudar a alcançá-las. Use a sua Força de Vontade no mínimo. Foque na criação de hábitos. Antecipe e fragmente escolhas difíceis ou cansativas.
Dessa forma, com o tempo, as escolhas vão se tornar automáticas e você nem vai precisar exercer tanta força de vontade assim!
Além disso, não há nada errado em, de vez em quando, se permitir “deslizes”. Não crie uma obsessão por fazer a coisa “certa” sempre.
Ao menos não por mim: talvez sua criação, valores ou religião imponha isso. Aí é contigo. O que posso te dizer é: a vida é curta e você não sabe quanto ela vai durar.
Então, vale muito nos preparar pra estar bem no futuro, até pra que sua vida dure bastante. Mas, também vale muito curtir cada dia. Porque não sabemos quando ela acabará.
Viva para o presente e o futuro com equilíbrio. Entenda que ambos são importantes. E use o poderoso conhecimento que você conseguiu aqui com moderação!
Então, bugado ou bugada, a chave para tomar boas decisões e alcançar seus objetivos não está em ter uma força de vontade de ferro, mas em entender como sua mente funciona e usar essa compreensão a seu favor.
Se você quer conhecer mais sobre sua mente, não deixe de se increver no curso gratuito sobre Frames de Decisão:
E aí, pronto para colocar essas dicas em prática e começar a fazer mudanças positivas na sua vida? Se gostou deste artigo, não deixe de compartilhar com quem você gosta!
Vamos nessa! Estamos juntos!
Indo além
Os livros abaixo podem ajudar a entender melhor como construir melhores hábitos e aproveitar ao máximo sua força de vontade:
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Espero que este artigo tenha sido útil e divertido. Até a próxima!
- O poder do hábito – Charles Duhigg (Kindle)
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